O deputado federal Beto Pereira, a prefeita Adriane Lopes, a deputada federal Camila Jara e o deputado federal Marcos Pollon – Montagem
Na avaliação dos especialistas, concentrando a disputa pela prefeitura municipal da Capital somente nos quatro nomes sugeridos pela reportagem, qualquer um deles poderia ser o futuro prefeito ou prefeita de Campo Grande, pois são jovens, têm baixa rejeição eleitoral e representam alas distintas da política sul-mato-grossense, sendo um da direita (Marcos Pollon), uma da esquerda (Camila Jara) e dois do centro (Adriane Lopes e Beto Pereira).
Para o cientista político Daniel Miranda, a um ano e quatro meses das eleições municipais de 2024, os movimentos são predominantemente de teste de nomes, com exceção de Adriane Lopes, obviamente, que já é prefeita e pré-candidata, pois neste momento os eleitores campo-grandenses ainda não estão pensando seriamente na escolha.
“Então, nesse cenário, precisamos usar como referência as eleições de 2022, seus ganhadores e seus perdedores. Não à toa, há três deputados federais nela, todos jovens na política sul-mato-grossense e em ascensão em seus partidos. Com certeza, essas novas lideranças – novas não na idade, necessariamente, mas, sim, na trajetória política – estão buscando e construindo seu futuro, portanto, ainda têm pela frente muitos anos de carreira política”, declarou.
Ele avalia que a disputa pela prefeitura da Capital no próximo ano pode ser um momento a mais de projeção ou de negociação, pensando nas eleições de 2026.
“No caso apenas dos quatro nomes sugeridos, o candidato do PSDB tem força, pois conta com o apoio do governador Eduardo Riedel, foi bem votado na eleição para deputado federal e tem mais possibilidade de atrair outros aliados”, pontuou.
Já a prefeita Adriane Lopes, conforme Daniel Miranda, tem a máquina, mas isso não é suficiente e com frequência acaba sendo superestimado.
“Basta lembrar da primeira eleição do ex-prefeito Alcides Bernal, que não tinha a máquina e venceu, mas, na tentativa de reeleição, foi derrotado, pois tinha a máquina, mas era mal avaliado pela população e não tinha apoio político suficiente”, exemplificou.
Na avaliação de Miranda, a filiação ao PP e a nomeação do vereador João Rocha para ser o secretário municipal de Governo podem ajudar Adriane Lopes na melhoria da sua imagem na Câmara Municipal e também em uma articulação política mais ampla, graças à força da senadora Tereza Cristina (PP).
No caso de Marcos Pollon, de acordo com o cientista político, se não mudar muito, vai apostar na tática padrão bolsonarista.
“Ou seja, agitação, mobilização pelo apelo às ideias extremistas e apoio do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Na minha opinião, será um Capitão Contar na disputa pela prefeitura de Campo Grande, com o diferencial que deve ser o único candidato a ter Bolsonaro a seu lado”, argumentou.
Já Camila Jara, segundo Daniel Miranda, vem de duas disputas eleitorais das quais saiu vencedora, projetando-se como o futuro do PT em Mato Grosso do Sul.
“O problema é que o PT está no governo federal, e isso sempre gera desgaste. Mesmo que ela não seja ministra, o desgaste pode atrapalhar ou, é claro, pode ajudar, se daqui para o ano que vem os indicadores socioeconômicos melhorarem e a população perceber isso”, analisou.
Além disso, conforme o analista, o PT tem tradição de sempre disputar eleições majoritárias, se não for ela, com certeza será alguma outra pessoa.
“A questão para o PT é a seguinte: lançar um nome forte – Camila é um nome forte para a prefeitura? Não sei avaliar isso neste momento – ou fazer acordo com alguma outra força política mirando 2026?”, questionou.
TODOS NO MESMO BARCO
Já na avaliação do cientista político Tércio Albuquerque, todos os quatro estão no mesmo barco no que se refere à disputa pela Prefeitura de Campo Grande.
“Uma coisa que a gente pode afirmar, quando se pensa nos lançamentos ou pré-lançamentos de candidatos ou pré-candidatos à prefeitura da Capital, é considerar primeiro que a condição da atual prefeita Adriane Lopes não é das melhores”, ressaltou.
Para ele, em termos de gestão municipal, a prefeita está enfrentando várias dificuldades, principalmente com relação ao relatório do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) sobre a folha secreta.
“Então, esse lançamento para reeleição, inclusive com manifestação da senadora Tereza Cristina, eu acho que é mais um balão de ensaio do que uma confirmação de que isso vai se dar realmente para as eleições de 2024”, apostou.
Sobre o deputado federal Beto Pereira, o cientista político tem a mesma avaliação.
“O mesmo a gente pode dizer de Beto, porque o PSDB está em um trabalho que é bastante conhecido de buscar uma coligação, uma junção com o MDB, e que sabemos envolve aí um grupo grande de interessados, como o próprio ex-governador e ex-prefeito André Puccinelli. Então, esse acordo em alto nível que está sendo alinhavado entre PSDB e MDB também coloca em xeque se efetivamente podemos garantir que Beto Pereira será o candidato ideal do partido no próximo ano”, disse.
Tércio Albuquerque reforçou que o PT tem hoje Camila Jara como nome de presença com alguma condição de enfrentar Zeca do PT dentro de uma eventual prévia para definir quem disputará a prefeitura pela legenda.
“A Camila Jara é hoje o nome mais importante do PT, e dentro de Campo Grande isso é inquestionável, basta ver a ascensão que ela teve na questão da carreira política”, assegurou.
A respeito de Marcos Pollon, Albuquerque reforçou que se trata de um fenômeno bolsonarista que talvez não se repita em 2024.
“O PL ainda está em uma situação extremamente delicada, dependendo do andamento das questões em nível nacional. Nós vemos que há vários problemas em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo que podem respingar, naturalmente, nas candidaturas para as eleições municipais. Então, não é um fato determinante a ideia de que Pollon seria o nome ideal para a direita na Capital e com possibilidades reais de vitória”, analisou.
No entanto, Tércio Albuquerque considera que ainda é muito cedo para se bater o martelo sobre quem são os favoritos para as eleições municipais do próximo ano em Campo Grande.
“Tudo se trata ainda de um jogo de ensaio visando o que pode efetivamente acontecer a partir do fim deste ano. Antes do fim deste ano, tudo continua sendo especulação, e a gente vai acompanhar muitos movimentos ainda com outros partidos se juntando para ver quem efetivamente teria condições de disputar a prefeitura da Capital”, argumentou.
MUITO CEDO
O sociólogo e historiador Paulo Cabral também considera muito cedo para cravar este ou aquele nome como favorito para disputar a Prefeitura de Campo Grande.
“Olha, é muito complicado fazer a análise de qualquer quadro político com tanto tempo de antecedência. Nós vemos aí um ano e quatro meses para as eleições municipais de 2024, e, em política, todo esse tempo é uma eternidade. Mudanças podem acontecer, uma série de coisas podem ocorrer, então, eu não estaria fazendo uma leitura para outubro de 2024. Isso, neste momento, é irresponsável, é impossível”, alegou.
No entanto, conforme o analista político, se for para verificar somente o que está posto neste momento, temos o nome da prefeita Adriane Lopes.
“O qual eu acho que não será ela, será o marido, com a máquina na mão, isso de alguma forma ajuda bastante. É um trunfo. Depende obviamente de tudo aquilo que ela fizer até o momento da eleição”, assegurou.
Com relação a Beto Pereira, de acordo com Paulo Cabral, trata-se de uma candidatura apoiada pelo governo do Estado, embora a do deputado estadual Lidio Lopes (Patriota) também o seja.
“Porém, o Beto tem a força do PSDB aqui em Mato Grosso do Sul, e isso por si só já é um ganho de terreno para o possível candidato tucano, que, apesar da pouca idade, é um político experiente e, portanto, com condições de levar a prefeitura”, analisou.
Sobre Camila Jara, ele avalia que ela se revelou uma militante importante. “Ela saiu de vereadora para deputada federal com muita tranquilidade. Pode fazer um papel interessante na campanha, mas, considerando o conservadorismo do eleitorado de Campo Grande, é pouco provável que ela vença, embora possa fazer um bom papel para o PT”, argumentou.
O sociólogo lembrou que o deputado federal Marcos Pollon, na verdade, não é de Campo Grande, tendo mais raízes em Dourados.
“Então, embora ele pudesse ter alguns votos em Campo Grande, até por conta do bolsonarismo, que aqui na Capital é muito forte, acho pouco provável que ele vença”, finalizou.
FONTE: correiodoestado