Ex-candidato a vice de Bolsonaro é investigado por possíveis irregularidades na compra de coletes quando foi interventor
A operação da Polícia Federal deflagrada ontem contra o general do Exército Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e ex-candidato a vice-presidente da chapa encabeçada pelo ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL), para investigar irregularidades na compra de coletes balísticos durante a intervenção federal no Rio de Janeiro, em 2018, foi classificada como “perseguição política” pelos deputados do PL em Mato Grosso do Sul.
Na prática, trata-se do segundo duro golpe contra alguém ligado a Bolsonaro, já que, na semana passada, seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel do Exército Mauro Cid teve sua delação premiada, relacionada ao escândalo da venda das joias presenteadas ao ex-presidente durante visitas oficiais, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora os bolsonaristas possam alegar que se deve separar as pessoas que Bolsonaro não teve ligação direta das irregularidades investigadas, nesse caso, o círculo vai se fechando em torno do ex-presidente, pois quase todos os seus principais aliados estão implicados em denúncias envolvendo corrupção, o que vai na contramão de umas das principais bandeiras do ex-mandatário do Brasil.
Por outro lado, o que está em jogo também é a imagem das Forças Armadas, seja no caso de Mauro Cid, seja nesse caso da intervenção federal no Rio de Janeiro, abalando o apoio da população em geral aos candidatos bolsonaristas nas eleições municipais do próximo ano.
Entretanto, na visão do deputado federal Marcos Pollon, presidente estadual do PL em Mato Grosso do Sul, a operação da PF é mais uma tentativa de atingir o ex-presidente.
“Mais um triste capítulo do ativismo judicial, lamentável. Frustrados na ânsia de perseguir Bolsonaro, pela inexistência de qualquer ilícito, voltam-se agora ao entorno do presidente”, declarou ao Correio do Estado o parlamentar sul-mato-grossense, nome forte do partido em MS e provável candidato a prefeito de Campo Grande em 2024.
O também deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) disse que “está claro para todos a perseguição que os aliados do presidente Bolsonaro estão sendo alvos”. “Bastou o nome do general Braga Netto ser cogitado como pré-candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro [RJ] que já começaram os ataques. Essa, sem dúvida, é uma investigação política”, reforçou.
Na avaliação do deputado estadual João Henrique Catan (PL), o general Braga Netto governou o Rio de Janeiro, ficando aproximadamente seis meses sem nenhum real liberado, pois não existia orçamento e governo.
“Já pensou, assumir um estado com problemas gigantescos e ficar meses sem ter o controle orçamentário nas suas mãos. Essa forma de reinar é pior do que tinha a rainha da Inglaterra, porque ele não tinha coroa, libras, pompas e corrupção. O que o Braga Netto fez no Rio de Janeiro foi um verdadeiro milagre”, ressaltou.
O parlamentar acrescentou ainda que os coletes balísticos não foram nem mesmo adquiridos. “Em razão de irregularidade por parte da empresa vendedora, a aquisição foi cancelada”, assegurou.
O deputado estadual Neno Razuk (PL) recordou que o general Braga Netto não tinha orçamento quando assumiu a intervenção federal no Rio de Janeiro.
“Ele fez o que podia e se preocupou com a segurança das pessoas. Agora, o governo atual, até para esconder o que prometeu na campanha eleitoral do ano passado e não está cumprindo, iniciou essa perseguição política às pessoas próximas e até contra o próprio Bolsonaro, buscando uma vingança pessoal. Eu enxergo tudo isso que vem ocorrendo como uma grande armação”, argumentou o parlamentar estadual.
Na avaliação do deputado estadual Coronel David (PL), tudo o que está sendo feito contra as pessoas do entorno do ex-presidente e até mesmo contra Bolsonaro é muito difícil de aceitar. “Minha manifestação é que se trata de uma perseguição desmedida”, finalizou.
Seriam adquiridos 9.360 coletes balísticos, no valor de R$ 40 milhões e sem licitação, pelo Gabinete de Segurança de Intervenção Federal (GIF) durante a intervenção federal no Rio de Janeiro, em 2018. O documento foi assinado pelo ordenador de despesas Francisco de Assis Fernandes e ratificado por Walter Braga Netto, que era interventor na época.
Fonte: Correio do Estado.