Decidida a segmentar serviço, Latam cobrará por lanche e assento marcado
Empresa já tomou decisão e vai implementar mudanças ao longo de 2017; presidente da empresa diz que segmentação viabilizará corte de 20% no preço de passagens promocionais.
A cobrança na bagagem despachada é só o primeiro passo de uma mudança no serviço da Latam. A empresa decidiu que vai implementar ao longo deste ano um serviço segmentado de transporte aéreo. Isso significa que, em vez de comprar uma passagem que lhe dá o direito de despachar uma mala e comer o lanche de bordo, sem custos adicionais, o cliente vai escolher o que quer e pagar por isso separadamente.
“Hoje todos pagam e isso tem um custo. Mas para muitos passageiros, não faz diferença ter lanche de bordo ou marcar assento. Para ele é melhor pagar menos e voar com um serviço básico”, disse a presidente da Latam, Claudia Sender, em entrevista ao G1. “Precisamos de um modelo de transporte aéreo que o passageiro só pague o que utiliza.”
A Latam divulgou nesta segunda-feira (6) uma tabela com os preços que serão cobrados pela bagagem despachada em voos nacionais e internacionais. A cobrança se tornou possível depois que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou uma resolução que libera as empresas a taxar a mala despachada – a medida entra em vigor no próximo dia 14.
As próximas medidas – como venda de passagens que não permitem alteração de horário e cobrança para marcar assentos e venda de lanche a bordo – deverão ser implementadas ao longo deste ano. “Já tomamos essa decisão”, disse.
Ao contrário da cobrança pela bagagem, que era proibida pela Anac até então, as empresas aéreas têm hoje liberdade para cobrar por lanche a bordo. A Gol, por exemplo, já vende comida a bordo desde 2009.
Quando todas as medidas forem implementadas, a empresa estima que conseguirá reduzir em 20% os preços das passagens dos bilhetes promocionais. “Quando você desregula um setor, o preço cai. Foi o que aconteceu na aviação brasileira no passado. Quando adotamos a liberdade tarifária no Brasil em 2002 todo mundo achou que o preço ia subir, mas ele caiu 50% em 10 anos”, disse Sender.
Corte na tarifa promocional, não no preço médio
Questionada se a essa premissa não é uma contradição em um momento em que a aviação brasileira cortou destinos não rentáveis em uma tentativa de recuperar o preço das tarifas, Claudia responde que não. Ela ressalta que o prometido corte de 20% é na tarifa promocional e não no preço médio da passagem aérea.
“O que importa para o passageiro de lazer é a tarifa promocional. Vamos trazer criar uma nova classe tarifária promocional que será mais barata que a atual porque tem menos serviços agregados.”, afirmou, ressaltando que a Latam prevê aumentar em 50% o número de passageiros até 2020. “Se você reduz o preço de entrada, tem mais escala e crescimento de receitas. Não queremos voltar para a aviação de 2002 que tinha poucos passageiros e tarifas caras.”
Historicamente, as empresas aéreas tentam direcionar as passagens mais baratas para os passageiros que viajam a lazer por meio de promoções no fim de semana e vendas antecipadas. Os clientes que voam a negócios, em geral, compram de última hora e costumam pagar preços maiores.
‘Não é low cost. É para todos’
Apesar de sua promessa de passagens a preços promocionais, a Latam não vai virar uma low cost, ao modelo das europeias RyanAir ou Easy Jet, diz a presidente da Latam. “Não vamos nos tornar uma low cost. Somos uma empresa híbrida, que oferece um serviço adequado para todos”, disse Claudia.
No exterior, as empresas low cost costumam usar aeroportos menos disputados nos grandes centros urbanos e nem sempre voam em horários competividos, especialmente para os passageiros que viajam a negócios. “Não vamos abrir mão de estar nos melhores aeroportos da América do Sul e nos melhores horários”, disse Claudia.
Segundo ela, a tendência de empresas “híbridas” ganha a aviação mundial. Nesse contexto, empresas aéreas “tradicionais” estão lançando sua classe super econômica. A americana United Airlines lançou no fim do ano passado uma classe chamada “Basic Economic” que oferece passagens na promoção, mas impõe restrições – o passageiro não pode levar nem mala de mão, só uma bolsa, não pode marcar assento, não ganha milhas e não tem direito a reembolso caso desista da viagem.
Fonte:http://g1.globo.com