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Dengue deixa de ser doença sazonal e afeta saúde pública ao longo de todo o ano

MS registra, em média, 5,9 casos da doença por hora e tem o maior número de ocorrências e óbitos dos últimos dois anos

De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), 39.734 pessoas foram diagnosticadas com dengue entre os dias 1º de janeiro e 7 de outubro deste ano em Mato Grosso do Sul. Os números de casos e mortes da doença já superam os registros dos últimos dois anos, com cerca de 141 casos por dia e 5,9 a cada hora. O total de mortes chegou a 39.

De acordo com o infectologista Henrique Domingues Valero, nos últimos anos, os casos têm sido registrados durante o ano inteiro, e não somente em épocas de chuva.

“A dengue deixou de ser uma doença sazonal. É comum o ano inteiro, mas na época de chuva esses casos podem aumentar. Por isso nossa preocupação com o período”, explica.

O infectologista ainda destaca que, para o vírus ser evitado, a população deve ter cuidado com água parada, que pode conter o mosquito transmissor, Aedes aegypti.

“O fumacê dá um resultado paliativo. O ideal é a população fazer a sua parte, tirar dez minutos diários para eliminar os focos de mosquitos e os locais que podem juntar água parada. Hoje, mais de 97% dos focos estão dentro das casas”, detalha Valero.

Segundo o boletim da SES, outubro é o único mês em que ainda não foram notificadas mortes pela doença. Nos demais meses, a média é de três notificações mensais, de pessoas entre 14 anos e 92 anos.

Apenas na Capital, ocorreram duas mortes em março, uma em maio, uma em junho, uma em julho e uma em setembro.

ALERTA

Neste ano, os casos de dengue já ultrapassaram os casos e as mortes registradas em 2022 e 2021. Em apenas seis meses deste ano, as ocorrências já superaram os anos anteriores.

De acordo com a SES, em 2021, foram registrados somente 8.027 casos e 14 mortes pela doença. Já em 2022, o número saltou para 21.328 confirmações e 24 óbitos.

Em menos de seis meses, Mato Grosso do Sul já havia superado o número de casos de dengue confirmados em todo o ano passado. Até o dia 30 de maio, foram confirmados 27.872 casos no Estado.

No último boletim, o número é alarmante, com 11.862 casos a mais do que em 2022 e mais casos do que os dois anos somados, com total de 39.734 confirmações.

Quanto aos óbitos pela doença, a situação se repete e, neste ano, foram registradas 39 mortes, superando a soma dos dois anos novamente.

Em setembro, a doença causou a morte de três pessoas. No dia 8, uma mulher de 58 anos faleceu em Campo Grande. No dia 29, foram registradas duas mortes, sendo uma em Itaquiraí, de um homem de 43 anos, e outra em Três Lagoas, de um homem de 83 anos.

MEDICAMENTO

Atualmente, não há no Brasil um medicamento específico para combater o vírus da dengue no organismo humano. O tratamento envolve a diminuição dos sintomas com medicamentos como paracetamol e dipirona.

Também não existe no SUS nenhuma vacina contra o vírus da dengue. Portanto, as medidas mais comuns contra a dengue são de combate ao mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, da chikungunya e da zika –, como evitar água parada nos quintais e em espaços públicos.

No entanto, recentemente, um antiviral para a dengue desenvolvido pela Janssen demonstrou pela primeira vez um efeito contra o vírus em testes clínicos em humanos.

Além disso, o antiviral foi seguro e bem tolerado. Com isso, o remédio avançou para um estudo maior, que estabelecerá a eficácia em voluntários de 10 países, incluindo o Brasil.

A nova fase do teste contemplará um número maior de voluntários, aproximadamente 2 mil, segundo o registro no Clinical Trials, e avaliará o efeito do medicamento contra a contaminação pela picada do mosquito.

A droga funciona bloqueando proteínas que o vírus da dengue utiliza para se replicar no organismo e provocar a infecção.

 

FONTE: Correio do Estado.

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