O ano passado foi o mais quente da história de Mato Grosso do Sul, com média de temperatura atingindo os 25,7°C
Durante o período mais quente do planeta, Mato Grosso do Sul chegou a registrar temperatura 4ºC acima da média para novembro.
De acordo com estudo feito pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) sobre as condições extremas de temperatura no Brasil, com base em conteúdo exclusivo para o jornal O Globo, entre os municípios de Mato Grosso do Sul, Porto Murtinho foi a cidade que apresentou, entre os meses de novembro e dezembro de 2023, a aumento de temperatura, registrando 3,96ºC de desvio padrão do valor médio para os dois últimos meses do ano.
O município, segundo o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), também alcançou a maior temperatura máxima do Estado em 2023 nos dias 17 de outubro e 16 de novembro, chegando a 43,4°C.
Entre as capitais brasileiras, Campo Grande apresentou o sexto maior aumento de temperatura, registrando 2,87ºC acima do normal para o mês de novembro.
Ainda em novembro, na tarde do dia 11, o Cemtec-MS informou que nove municípios registraram temperaturas acima de 40ºC: Porto Murtinho (42,3ºC), Coxim (41,9ºC), Três Lagoas (41,6ºC), Bataguassu (41,1ºC), Corumbá (41,1ºC), Pedro Gomes (41,1ºC), Miranda (41ºC), Aquidauana (40,8ºC) e Água Clara (40,6ºC).
De acordo com os meteorologistas do Cemtec-MS, o motivo dessa onda de calor no segundo semestre de 2023 foi uma massa de ar quente que estava cobrindo a Região Centro-Oeste, provocando o calor extremo no Estado.
“Entre os dias 10 e 20 de novembro, os modelos indicavam a atuação de um bloqueio atmosférico [sistema de alta pressão atmosférica] que favoreceu uma intensa onda de calor e as temperaturas passaram dos 40°C”, informou o Cemtec-MS em nota.
Conforme estudo do Cemaden, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2023 apresentaram as maiores anomalias de temperatura em grande parte do País.
No entanto, anomalias entre 4ºC e 5ºC graus foram observadas especialmente nos meses de novembro e dezembro.
Considerando novembro do ano passado, os municípios com anomalias entre 4ºC e 5ºC graus concentravam-se no sul da Bahia, no norte de Minas Gerais e em parte do Pantanal.
Para o meteorologista do Cemtec-MS Vinícius Banda Sperling, a falta de regularidade das chuvas no segundo semestre do ano passado causou diversos problemas de saúde para as pessoas, prejuízo para o agronegócio e também contribuiu para queimadas florestais no Estado.
“No fim do período seco, as temperaturas subiram muito, e o material combustível, como a palha que estava no campo, ficou com a temperatura muito elevada, pronto para queimar. Outros pontos preocupantes desta alta de temperaturas em 2023 foi [em relação à] saúde humana, dos animais e vegetais, [pois] começamos a transpirar mais com a baixa umidade e começamos a ter o ressecamento dos olhos e narinas”, analisou Vinícius.
REGIÃO PANTANEIRA
A região norte de Mato Grosso do Sul, novembro e dezembro de 2023, concentrou os maiores registros de calor do Estado.
Corumbá, Aquidauana e Porto Murtinho, situado no sudoeste de MS, tiveram a temperatura média em novembro de 38ºC.
Coxim, Miranda e Rio Verde de Mato Grosso também esquentaram na casa dos 37ºC.
Em dezembro, vale destacar que cidades da região central do Estado, como Ribas do Rio Pardo e Brasilândia, ficaram entre os 10 municípios com temperaturas mais elevadas, passando dos 36ºC.
A Capital registrou 34,64ºC em dezembro e 35,45ºC em novembro, de acordo com o estudo do Cemaden.
Climatologicamente, outubro e novembro foram considerados os meses mais quentes do ano pelo Cemtec-MS.
“Aliado a isso, tivemos a atuação forte do El Niño, que é um fenômeno oceânico-atmosférico de aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico e, por consequência, que favorece as altas temperaturas. No Estado, esse fenômeno tem um impacto maior na temperatura do ar, com padrões acima do normal. Por meio da análise dos sistemas meteorológicos atuantes, identificamos a formação de sistemas de alta pressão atmosférica que favoreceram a formação de bloqueios atmosféricos e as ondas de calor”, informou o Cemtec-MS.
CALOR SE MANTÉM
A previsão do Cemtec-MS indica que os altos índices de calor de 2023 devem se manter ou aumentar neste ano.
De março a maio, as chuvas devem ficar dentro ou ligeiramente abaixo da média histórica em grande parte do Estado.
Em relação às temperaturas, em janeiro, foram observadas temperaturas máximas entre 37ºC e 40°C, o que evidenciou um trimestre de início de ano mais quente do que anteriormente registrado na climatologia.
A previsão climática de temperatura para o trimestre informado indica que em Mato Grosso do Sul as temperaturas tendem a ficar acima da média histórica.
FONTE: Correio do Estado