Foi decretada nesta quinta-feira (14) a prisão preventiva do rapaz de 21 anos, flagrado com celulares roubados de uma lanchonete na Vila Ipiranga, na noite de quarta-feira (13). Ele foi detido por receptação e é considerado um especialista em desbloquear iPhones, para que os aparelhos roubados possam ser vendidos e usados pelos criminosos.
A decisão é do juiz Luiz Felipe Medeiros Vieira. Na audiência de custódia, o magistrado pontuou que o rapaz tem mais antecedentes e é reincidente em delitos de natureza patrimonial. Ele também já tem uma condenação a mais de 7 anos, por um processo que está em fase de recurso.
Para o magistrado, isso revela a personalidade voltada para a prática de crimes. Assim, foi decretada a prisão preventiva, para garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal, bem como pelo perigo gerado pelo estado de liberdade do suspeito.
Passagens e prisões do especialista
Além da receptação, o rapaz de 21 anos também tem passagem por roubo. Junto com outros comparsas, ele participou de assaltos a farmácias da cidade na noite de 11 de agosto de 2019. Foram dois estabelecimentos comerciais roubados em menos de uma hora, na Avenida Coronel Antonino e na Avenida Eduardo Elias Zahran.
Os bandidos estavam armados, renderam as vítimas e roubaram mercadorias, dinheiro dos caixas e pertences das pessoas que estavam nos locais. O rapaz de 21 anos e um dos comparsas foram presos pela Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos). Pelo crime, ele foi condenado.
Conforme a sentença da juíza Eucelia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, datada de julho de 2021, o réu foi condenado a 7 anos, 5 meses e 18 dias de reclusão por roubo majorado, em regime semiaberto. Ele recorreu e o processo ainda não transitou em julgado, por isso, ainda não cumpre a pena.
Cobra até R$ 1 mil para desbloquear iPhone
O rapaz foi em flagrante por receptação, já que estava com três iPhones que teriam sido roubados na lanchonete, além de ao menos outros 18 aparelhos de origem suspeita, 99 chips de telefones de várias operadoras, um notebook Samsung e um iMac também de origem suspeita.
Ele relatou que os celulares roubados foram deixados na casa dele por um conhecido, para que os aparelhos fossem desbloqueados. O homem buscaria os iPhones no dia seguinte. Para a polícia, o suspeito ainda contou que cobra de R$ 500 a R$ 1 mil por celular desbloqueado, dependendo do modelo.
Porém, ele negou qualquer relação com roubos ou furtos e disse que trabalha no Camelódromo, como autônomo, com reparo de celulares.
Já foi preso por receptação
Em dezembro de 2020, o rapaz foi preso pela Derf após meses de investigação. Na época com 19 anos, ele era considerado o único especialista em desbloquear iPhones em Mato Grosso do Sul. Apesar da prisão em flagrante, na época ele foi liberado provisoriamente com uso de tornozeleira eletrônica.
Ele se livrou da medida cautelar em agosto de 2021, quando foi desativado o monitoramento eletrônico. Na época da prisão, há um ano e meio, a investigação observou o ‘desaparecimento’ de iPhones roubados em Campo Grande. Isso, porque com o sistema de rastreamento e a dificuldade de desbloqueio, os aparelhos da marca eram normalmente jogados fora pelos assaltantes e recuperados pelas vítimas.
Os policiais da Derf então chegaram até o rapaz e encontraram na casa dos pais dele um verdadeiro escritório para o ‘serviço’. Os pais chegaram a relatar que pensavam que o filho trabalhava com manutenção dos celulares, mas sem saber da procedência ilícita. Só na casa foram encontrados 28 aparelhos sem nota fiscal ou qualquer registro.
O rapaz foi apontado como o único no Estado e um dos poucos do país que fazia tal serviço. No dia da prisão, um suspeito de 27 anos também estava na casa, com um celular para ser desbloqueado.
Apesar da prisão em flagrante, na audiência de custódia o juiz entendeu que o crime não foi cometido mediante grave ameaça, não qualificando condição de converter em prisão preventiva. Por isso, o rapaz foi liberado com uso da tornozeleira.
No dia 17 de dezembro de 2020, quando seguia para colocar a tornozeleira, ele teria desobedecido ordens dos agentes penitenciários, porque utilizava o celular. Foi recomendado que ele entregasse o aparelho, mas ele se negou, dizendo que ‘era bandido’.
Ele chegou a tirar uma ‘selfie’ com o aparelho e publicou no status do WhatsApp. Ele acabou novamente encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, onde o aparelho ficou apreendido.
Fonte: Mídia Max