Na comparação entre os dois pleitos, o MDB foi a legenda que mais perdeu filiados no Estado, 2.380 no total
Os partidos políticos em Mato Grosso do Sul sofreram uma queda de mais de 14 mil filiados na comparação das eleições de 2020 com as eleições de 2022, conforme levantamento feito pelo Correio do Estado no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas eleições municipais de 2020, os 32 partidos registrados no Estado somavam 303.103 filiados, enquanto nas eleições gerais do ano passado esse número caiu para 289.094, com 31 legendas – houve a fusão do PSL com o DEM para criar o União Brasil –, ou seja, uma redução de 4,62%.
No caso do pleito de 2020, as cinco maiores siglas em número de filiados eram MDB (46.149), PT (34.321), PSDB (32.515), PDT (20.743) e PTB (19.672), enquanto nas eleições de 2022 foram MDB (43.769), PT (33.548), PSDB (31.785), PDT (20.086) e PTB (19.202).
Na comparação entre os dois pleitos, o MDB foi o que mais perdeu filiados, 2.380 no total, porém, todos os partidos apresentaram redução do número de filiados, com exceção de Podemos, Pros, PRTB e PCO, que tiveram um pequeno crescimento, e do Rede, que manteve o mesmo número.
Para o cientista político Tércio Albuquerque, o que é possível afirmar, sem sombra de dúvidas, é que os partidos políticos não estão conseguindo mais aglutinar em torno de si, principalmente os eleitores mais jovens.
“Isso não é só em Mato Grosso do Sul, está acontecendo em todo o Brasil. Recentemente, olhei exatamente nesse sentido, e o que foi constatado é que os partidos políticos perderam credibilidade com a juventude. Os jovens não aceitam mais as mudanças constantes dos políticos, que em uma hora estão em uma legenda e em outra já foram para outra”, argumentou.
Ele frisou ainda que as fusões partidárias, quando dois ou mais partidos já existentes se unem para formar um novo, demonstram exatamente isso, ou seja, que não há uma linha com uma conduta ética partidária. “Então, essas alterações acabaram criando uma falta de credibilidade e, logicamente, leva ao desrespeito dos partidos políticos. As legendas precisam mostrar a razão da existência delas”, alertou.
Tércio Albuquerque informou que existe uma campanha bastante forte sobre candidaturas avulsas, não vinculadas a partidos políticos. “Esse movimento é justamente para evitar, primeiro, que haja a manipulação dos eleitores, principalmente os mais jovens, aqueles que estão ingressando ou pretendem ingressar na política. Porém, quando eles se veem defrontados com partidos, se sentem ameaçados”, disse.
O cientista político completou que, quando há essa pressão em cima dos partidos para atrair mais filiados, é justamente porque, quanto mais filiados, mais formas de conseguir benefícios, como fundos eleitorais para as campanhas.
“Só que não se abre espaço, é uma raridade quando abre espaço para um novo filiado que pretende alçar voos na política como candidato a vereador e depois deputado. São raras as possibilidades abertas. Temos de somar a isso à corrupção e ao fato de os políticos não confirmarem suas propostas de campanha no exercício do mandato”, exemplificou.
Tércio Albuquerque pontuou que tudo isso conduz a essa redução de interesse. “Antigamente, nós tínhamos partidos políticos em que os estatutos eram uma carta constitucional. Hoje, se pegarmos o volume de partidos que temos no Brasil, com o número de estatutos, não há mais nenhum tipo de identidade. Existe uma posição quase que igualitária e isso conduz ao descrédito”.
Na avaliação do cientista político, no futuro, haverá, além da redução partidária, redução do número de partidos. “A campanha mais proeminente, mais forte para que a legislação seja alterada e as candidaturas avulsas, repito, possam ser aceitas”, finalizou.