Estatal abriu licitação para contratar empresa que fará um diagnóstico do conteiro de obras e depois disso serão iniciadas as obras que faltam
Dez anos depois da interrupção das obras, a Petrobras finalmente deu o primeiro passo da retomada das obras fábrica de fertilizantes de Três Lagoas, a UFN III. A empresa lançou edital para contratação de empresa que vai fazer uma espécie de lista de materiais, equipamentos e serviços necessários para a conclusão da unidade.
A informação sobre o lançamento deste edital foi dada pela estatal ao secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
“É um avanço importante no compromisso assumido pela Petrobras após o anúncio da retomada da obra. Essa é uma fase fundamental, de quantificação, levantamento de custo e redefinição de cronograma. Recebemos essa informação com muito otimismo”, comentou Jaime Verruck.
De acordo com o edital , também está prevista a contratação de análise de modelos 3D, análise da documentação técnica existente, levantamento de campo, avaliação qualitativa de itens montados e armazenados, elaboração de planilhas quantitativas, marcação de documentos de projeto e registro de informações no Sistema Mecanizado de Estimativa de Custos (SMEC) da Petrobras.
O prazo para o envio das propostas de empresas interessadas acaba em 31 de janeiro. Depois da escolha da empresa para fazer esses levantamentos, ela terá sete meses para apresentar um relatório sobre a real situação do complexo e sobre o montante que terá de ser investido.
O edital não prevê valor máximo deste estudo, mas informa que se for superior a dez milhões de dólares, a Petrobras terá de busca financiamento bancário.
Mas para conclusão da fábrica, conforme a última previsão, terão de ser investidos em torno de R$ 5 bilhões, ou um bilhão de dólares.
Conforme informações divulgadas anteriormente pela estatal, a expectativa é de que, após a finalização dessa etapa, a conclusão da obra possa ocorrer em um prazo de até dois anos. A pretensão do governo federal é fazer a inauguração antes da próxima eleição presidencial, no final de 2026.
A Fábrica
De acordo com os dados da Semadesc, em 2022 foram importados 7,2 milhões de toneladas de ureia pelo Brasil. A produção anual da UFN3, quando estiver em pleno funcionamento, será de 1,3 milhão de toneladas de ureia, ou seja, 18,3% do total importado pelo País na época.
Ao se levar em conta outro fertilizante que será produzido na indústria de Três Lagoas, a amônia, foram importadas 6,6 milhões de toneladas desse item em 2022.
A produção anual da fábrica será de 0,8 milhão de toneladas de amônia, ou 12,1% do total importado. Portanto, considerando os dois fertilizantes citados, seriam 30,4% desses insumos que deixariam de ser comprados no exterior.
Com 81% da obra concluída, a construção foi paralisada no final de 2014. A fábrica de fertilizantes foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, fazendo a separação e os transformando em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.
HISTÓRICO
A UFN3 começou a ser construída em 2011 e teve as obras paralisadas em 2014, após integrantes do consórcio serem envolvidos em denúncias de corrupção.
Depois, em 2018, a UFN3 foi colocada à venda. Era um pacote que incluia a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada em Curitiba (PR). Mas, a comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.
No ano seguinte, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da unidade, mas a crise boliviana impediu o negócio. Em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou nova oportunidade de venda. As tratativas só foram retomadas no início de 2022 passado, novamente com o grupo Acron.
Mas, no dia 28 de abril de 2022, a petrolífera anunciou que a transação de venda da fábrica para o grupo russo não havia sido concluída. No ano passado, porém, com a volta de Lula ao Planalto e a troca do comando da Petrobras, a estatal anunciou que retomaria as obras e colocaria a fábrica em atividade.
FONTE: Correio do Estado