Presidente Caravina durante a videoconferência (Foto: Edson Ribeiro)
Willams Araújo
A crise na área de saúde pública por conta da pandemia do Covid-19 (novo coronavírus) causou enorme preocupação e expectativa nos prefeitos com relação a exigência do cumprimento das metas constitucionais.
O maior temor dos gestores municipais é com a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), a qual estabelece normas rígidas contra o descontrole das contas públicas e prevê punições aquele que não cumprir a legislação ao final do mandato.
Na prática, a LRF não permite que e os governos estaduais e as prefeituras “estourem” o limite de gastos com pessoal.
Esse foi um dos itens discutidos pelos prefeitos durante a videoconferência, realizada na segunda-feira (27) pela Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), com a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS).
O presidente da entidade e prefeito de Bataguassu, Pedro Caravina, observou que a maior preocupação dos gestores municipais é ultrapassar o limite de 54% com a folha de pagamento dos servidores públicos, vindo a comprometê-los com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Diante de vários questionamentos dos colegas, Caravina pediu que a senadora levasse para discussão com os líderes de bancada no Senado a possibilidade de flexibilizar o CAUC (Sistema Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias) durante o período da pandemia para que as prefeituras possam receber recursos federais sem o risco de ter verbas bloqueadas por falta de pagamento de dívidas.
O Cauc é uma espécie de “Serasa” das prefeituras. Com ele negativado, os municípios ficam impedidos de firmar novos convênios e se beneficiar de emendas parlamentares.
Membro do Conselho Político da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Caravina tem alertado os colegas desde o início sobre a necessidade de cortar gastos visando o enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Várias medidas restritivas já foram tomadas com orientação da Assomasul, incluindo a suspensão temporária das aulas nas escolas da Rede Municipal de Ensino, e o isolamento social, considerando à declaração pública de situação de pandemia em relação à doença pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
A principal apreensão diz respeito ao equilíbrio das contas das prefeituras, que já vinham sofrendo dificuldade devido à situação econômica do país, principalmente em cidades de pequeno porte, as quais dependem basicamente de repasses constitucionais como ICMS e FPM (Fundo de Participação dos Municípios) para sobreviver.
O próximo passo agora é aguardar a aprovação, pelo Senado, do plano de apoio emergencial aos municípios para o enfrentamento ao Covid-19.
A matéria já passou pela Câmara dos Deputados e tramita na Senado. Durante a videoconferência, Simone Tebet recebeu a incumbência dos prefeitos de articular a aprovação do texto o mais breve possível a fim de que os recursos cheguem logo na ponta.
Outra preocupação dos gestores é atender toda a demanda advinda da pandemia do coronavírus.
A leitura que a maioria deles faz é que será preciso garantir que os municípios não entrem em caos social e econômico por conta dessa pandemia e, por isso, esperam que o governo federal aja de forma rápida em socorro à população e também à manutenção das prefeituras.